Título Original: El Prisioneiro del Cielo
Série: O Cemitério dos Livros Esquecidos
1- A Sombra do Vento (2007)
2- O Jogo do Anjo (2010)
3- O Prisioneiro do Céu
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma das Letras
Páginas: 246
Ano: 2012
Saiba mais: Skoob
Comprar: Submarino // Ponto Frio // Saraiva
Um ótimo romance histórico, onde não faltam adrenalina e aventuras.
Sinopse: Barcelona, 1957. Daniel Sempere e seu amigo Fermín, os heróis de A sombra do vento, estão de volta à aventura para dessa vez enfrentar o maior desafio de suas vidas. Logo quando tudo começava a dar certo para eles, um personagem inquietante visita a livraria de Sempere e ameaça revelar um terrível segredo quer permanecia enterrado há duas décadas no fundo da memória da cidade. Ao descobrir a verdade, Daniel compreenderá que o destino o arrasta na direção de um confronto inevitável com a maior das sombras: aquela que cresce dentro dele.
A Trama: O autor já avisa no início do livro que esta trilogia não precisa ser lida na sequência, pois cada livro possui histórias independentes. Pensando nisso, decidi aproveitar essa chance de sair dos padrões e começar pelo último e terminar com o primeiro. Confuso? Um pouco, porém bem mais desorganizada é a ordem cronológica do livro e, por incrível que pareça, isso só aumentou seu charme.
A história não gira em torno apenas do protagonista, ela faz literalmente um tour nas vidas passadas de alguns personagens e a conclusão de tudo isso obtemos quando a narração volta ao "presente", para vida de Daniel. Por possuir apenas 246 páginas, percebi que o autor foi breve, ele focou bem no âmago de sua história e no que queria transmitir com os fatos narrados, como se ele quisesse que o leitor soubesse apenas do essencial da vida dos personagens. E não, isso não deixou o livro vago ou faltando alguma coisa. Eu gostei do jeito do autor tratar os personagens como se fossem seus amigos. Ele parecia estar contando sobre suas vidas a alguém usando um ritmo bem energético e agradável, onde tudo soou natural para mim, principalmente os conflitos e conquistas. Um único comentário que posso fazer foi sobre o epílogo ter sido um pouco confuso, sem um "final" aparente para o vilão e espero entender o porquênunca pensei que escreveria essa frase nos volumes anteriores.
A história não gira em torno apenas do protagonista, ela faz literalmente um tour nas vidas passadas de alguns personagens e a conclusão de tudo isso obtemos quando a narração volta ao "presente", para vida de Daniel. Por possuir apenas 246 páginas, percebi que o autor foi breve, ele focou bem no âmago de sua história e no que queria transmitir com os fatos narrados, como se ele quisesse que o leitor soubesse apenas do essencial da vida dos personagens. E não, isso não deixou o livro vago ou faltando alguma coisa. Eu gostei do jeito do autor tratar os personagens como se fossem seus amigos. Ele parecia estar contando sobre suas vidas a alguém usando um ritmo bem energético e agradável, onde tudo soou natural para mim, principalmente os conflitos e conquistas. Um único comentário que posso fazer foi sobre o epílogo ter sido um pouco confuso, sem um "final" aparente para o vilão e espero entender o porquê
O Protagonista: Creio que Daniel seja o protagonista da série, mas o foco do livro não ficou só nele. Houve momentos em que o autor regressava para o ano de 1939/40 para contar a estadia de Fermín, um amigo de infância de Daniel, em uma das piores prisões da Barcelona no período da Guerra. Interessante que o autor voltava no ponto exato onde Daniel se questionava, em 1957, sobre o passado do amigo e era preciso sobre os acontecimentos, sem deixar de esconder os horrores e as injustiças, tudo de um modo muito realista, como se estivesse contando um fato histórico. Enquanto isso, nos dias "atuais", Daniel continua tendo problemas pessoais. Foi nesse detalhe que o autor me conquistou: o protagonista não deixou de procurar saber sobre o passado dos amigos para entender melhor o mistério em volta de certos acontecimentos, mas também continuou tendo conflitos e problemas do dia a dia. Tudo isso mesclado com sua inexperiência sobre a vida e seu jeito impulsivo de resolver as situações em que se mete.
Os Personagens Secundários: O livro não apresenta muitos personagens, não por não haver espaço para tantos. Mas, em minha opinião, isso simplesmente não foi necessário para o livro ter sido completo. O principal personagem secundário foi Fermín, com seu duro e misterioso passado. Tive a impressão de que o ápice da trilogia era essa descoberta. Fermín, em 1957, já com idade avançada, está prestes a se casar quando alguns fantasmas do passado voltam a assombrá-lo, além de Daniel precisar de conselhos quando descobre um suposto segredo sobre sua esposa. Um detalhe que me chamou a atenção foi a notável mudança que ele sofreu com o passar dos anos, afinal quem é que não muda com o tempo? E o fato de o autor não ter deixado isso de lado me impressionou bastante. Entre todas as pessoas perturbadas que Fermín conheceu na prisão, destaca-se Salgado. Mesmo em meio às descrições das torturas que foi obrigado a passar, Salgado deu algum humor à trama, mantendo seu senso de humor um tanto negro em preferir perder partes do corpo a ter que revelar a localização dos tesouros que escondeu. E, por último, um personagem que também espero ter sido mais bem explicado nos volumes anteriores é o escritor de mente perturbada, David Martín, que também acompanhou Fermín na prisão. O ponto que estou mais curiosa para descobrir é como ele sabe tanto sobre Daniel e em como sua participação é a chave para desvendar todos os enigmas da trama!
Capa, Diagramação e Escrita: A capa é bem simples usando em sua composição tonalidades variadas de laranja, branco e preto. Mas ela reserva um ar misterioso com esse cenário de uma típica rua de Barcelona em meados dos anos 40. As páginas são amareladas, as letras são normais e o livro é dividido em partes, cada qual com seu número de capítulos. Eu adorei os mapas de Barcelona no início e final do livro, com indicação de monumentos e lugares turísticos. Achei as notas de rodapés muito úteis e informativas, pois há inúmeras citações de músicas, atores e outros que deviam ser de conhecimento popular naquela época.
O que dizer da escrita de Zafón? Adorei seu jeito agitado de contar histórias, como se estivesse chamando o leitor para passear enquanto conversa. Não pude deixar de notar que o autor não força nenhuma mudança, mas sim nos convida a entrar na trama do livro e tentar decifrar seus enigmas. O que achei mais interessante foi o jeito como ele dividiu e narrou seu livro. A história começa com Daniel narrando até a primeira volta no tempo, onde a narrativa passa a ser em terceira pessoa para contar as enrascadas de Fermín na prisão. E assim o livro se seguiu. Eu também pude notar o amor de Zafón por literatura, não só por ter criado em sua história uma casa/biblioteca, mas também pelas citações de enredos de clássicos como Os Miseráveis. Espero experimentar mais seu jeito espanhol de encaixar as palavras nos seus outros livros, para que todos os segredos e suspenses sejam quebrados!
Concluindo: Para quem gosta de uma viagem pela vida dos personagens, nesse livro não há personagens mal desenvolvidos! Eu adorei conhecer um pouco mais da antiga Barcelona, não do jeito didático, mas imaginando como seria morar lá. Recomendo para quem gosta de um bom romance histórico e não tem pressa de se deliciar com um.
Quotes:
Classificação:
Naquela época, o Natal ainda conservava certo ar de magia e mistério. A luz em flocos do inverno, o olhar e as anseios de pessoas que levavam a vida entre sombras e silêncio davam à decoração um leve perfume de verdade, no qual pelo menos as crianças e os que tinham aprendido a esquecer ainda podiam acreditar.
Quando dei conta do que estava fazendo, suspirei. As palavras daquela carta caíam em minha mente como gotas de ácido.
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