
Título: Meu Coração e Outros Buracos Negros
Título Original: My Heart and Other Black Holes
Livro Único.
Autor: Jasmine WargaLivro Único.
Editora: Rocco
Páginas: 312
Ano: 2016
Saiba mais: Skoob
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Sinopse: Um tema amargo, mas necessário. Em Meu coração e outros buracos negros, a estreante Jasmine Warga apresenta aos leitores um romance adolescente que aborda, de forma aberta, honesta e emocionante, o suicídio. Aysel, a protagonista, enfrenta problemas com a família e os colegas de escola, como tantos jovens por aí, e, aos 16 anos, planeja acabar com a própria vida. Mas quando ela conhece Roman num site de suicídio, em busca de um cúmplice que a ajude a planejar a própria morte, num pacto desesperado, a vida dos dois literalmente vira de cabeça para baixo. Aos poucos, Aysel percebe que seu coração ainda é capaz de bater alegremente. E ela precisará lutar por sua vida, pela vida de Roman e pelo amor que os une, antes que seja tarde.
A Protagonista: Aysel é uma garota incrível quando deixa alguém notar suas qualidades, mas ela luta todos os dias contra os olhares tortos dos colegas de escola e da família, por conta do crime do seu pai. Todo esse peso a apaga do mundo e faz com que ela queira que isso se torne uma coisa literal: ela apagada do mundo para sempre. Quanto mais eu a conhecia, mais torcia para que ela visse o potencial da sua vida e decidisse lutar contra a depressão que a afogava cada vez mais (uma lesma preta no estômago, como ela sempre dizia, que a fazia se "lembrar" de que ela tinha culpa em tudo o que aconteceu). Ela adora física, mesmo que não seja da forma didática da escola, e consegue aplicar muito disso no seu dia-a-dia.
Personagens Secundários: Também adorei Roman, mesmo que conseguisse sentir sua melancolia sempre que Aysel o descrevia. Pode-se dizer que o caso dele era pior que o dela, porque ele não queria se agarrar a nada que traria motivos para ele continuar vivendo. Gostei bastante da mãe de Roman e senti muita pena dela (por motivos a serem revelados no livro - sim, além da possibilidade do filho se matar). Ela sabia que o filho não estava bem, mesmo não sabendo exatamente a profundidade dos seus sentimentos, e fazia de tudo para vê-lo melhor. Já a mãe de Aysel me incomodou bastante, porque parecia que ela não ligava para a filha e se recusava a enxergar que havia alguma coisa errada. Como Aysel diz em um momento, era como se ela fosse uma intrusa na vida da família (a mãe da protagonista se separou do pai dela e se casou com outro homem quando ela tinha mais ou menos 1 ano de idade). Quanto aos outros personagens do livro, como a meia-irmã de Aysel, eu senti que faltou um pouquinho de desenvolvimento por parte da autora. Mas adorei Mike, o outro meio-irmão dela, de 10 anos.
Capa, Diagramação e Escrita: Apesar de simples, eu gosto da capa, as cores do coração e do "buraco negro" contrastando com o preto e branco do resto, o que algumas pessoas podem traduzir como uma metáfora para a história. A diagramação é bem simples, mas bem confortável para a leitura. O livro não é dividido por capítulos, e sim por dias e uma contagem regressiva até o dia escolhido por Aysel e Roman para se matar. Gostei bastante da escrita da autora, a intensidade da narrativa, o tom "dark" do texto casaram perfeitamente com a história e a atmosfera que ela queria passar, tratando o assunto com seriedade e, até mesmo, esperança.
Concluindo: É uma livro que vai mexer muito com quem ler. Vai ser uma mistura maluca de sentimentos, daquele tipo que te conecta profundamente com a história e cada dor dos personagens parece ser sua também. O final foi um pouco apressado, na minha opinião, o que não me fez acreditar muito em uma certa coisa (também senti falta de outra que não posso falar por causa de spoilers), mas isso não diminui tanto o quanto eu gostei desse livro. Recomendo muito a leitura, mas estejam preparados.
Quotes:
Aposto que, se cortassem minha barriga, a grande lesma preta da depressão sairia rastejando. Orientadores pedagógicos amam dizer: "Pensamento positivo!", mas é impossível quando se tem essa coisa lá dentro, sufocando cada centímetro de felicidade que se pode juntar. Meu corpo é uma máquina eficiente de matar pensamentos felizes.
(...) Se eu tivesse um namorado, seu nome seria Suicídio. E tenho certeza de que Roman também está apaixonado por ele. É como um triângulo amoroso que dá errado. Ou talvez seja um triângulo amoroso que vai dar certo: nós dois vamos ficar com o cara em sete de abril.
(...) Será que é assim que a escuridão vence, convencendo-nos a prendê-la dentro de nós, em vez de jogá-la fora?