Resenha - O Livro de Sangue e Sombra

Título: O Livro de Sangue e Sombra
Título Original: The Book of Blood and Shadow
Livro Único.
Autor: Robin Wasserman
Editora: Fantástica Rocco 
Páginas: 384
Ano: 2017
Saiba Mais: Skoob
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Sinopse: Quando tudo parecia caminhar bem, um atraso para um encontro muda a vida de Nora Kane para sempre. Seu melhor amigo, Chris, está morto; a namorada dele, Adriane, em estado catatônico; e Max, o príncipe encantado de Nora, desaparecido. Mas o que parecia um pesadelo ruim o suficiente, fica ainda pior quando Max se torna o principal suspeito do crime. Desesperada para provar a inocência do namorado, a jovem, que trabalha num projeto de pesquisa traduzindo antigos manuscritos do latim, segue a trilha de sangue sem se importar com o destino final. E ele vai levá-la dos Estados Unidos à histórica Praga, e ao centro de um enigma que inclui uma teia obscura de sociedades secretas movidas pela ambição de encontrar a Lumen Dei, uma misteriosa máquina que contém a receita para o conhecimento supremo e para a comunhão com o divino, e que estaria enterrada num manuscrito de centenas de anos.


A TramaNora Kane achou a perfeição em meio ao caos. Desiludida e solitária ela travava uma guerra silenciosa com sua família e o meio ambiente escolar. Ao conseguir uma bolsa integral, por seu amplo conhecimento em Latim, Nora passa a estudar na academia Chapman - escola muito conceituada em uma cidade de mesmo nome localizada na Nova Inglaterra. No novo colégio, Nora conhece Cris, Adriane e Max, e a vida volta a ser significativa, mesmo que com pequenos detalhes obscuros. Em seu último ano, a pedido de Chris (agora já na faculdade), ela se envolve em um projeto de linguística que busca descobrir e traduzir o Manuscrito Voynich através das cartas de Edward Kelley e Elisabeth Weston, e é quando Nora se aproxima de Max - o estranho colega de quarto de Chris. A felicidade atinge o ápice quando o envolvimento se torna amoroso, o trabalho uma paixão... E é exatamente neste ponto onde tudo desmorona, começando pelo assassinato de Chris. Ok, meu interesse inicial por esse livro era a sua semelhança com a coleção de "suspense-histórico" de Dan Brown, apesar da trama relativamente juvenil, ela têm um ótimo desenvolvimento, guardando algumas surpresas (um pouco óbvias e outras nem tanto), e tornando o livro e a autora muito promissores!

Os Personagens: Nora é uma personagem... palatável - explicando através de comida (por que essa é sempre o melhor tipo de metáfora), é como comer algo gostoso que provoca várias sensações agradáveis e estranhas na boca, mas que não sabemos ao certo se gostamos e ou queremos repetir a dose. Introvertida, irônica, ácida e temperamental ela guarda um tipo de doçura incompreensível, delicada, triste, mal compreendida e solitária ela me parecia ter uma dupla personalidade mesclada - foi um dos pouquíssimos casos, onde um autor conseguiu me convencer da dualidade de uma personagem de forma completa e realista, sem parecer forçado, esteriotipado, ou alegórico. Suas atitudes durante o livro, ações e sentimentos, apresentavam previsibilidade, mas que não deixou de surpreender - é difícil explicar sem entendê-la de fato, e sem apresentar spoilers. Chris, que se torna praticamente um talismã durante a trama, é a personagem mais desinteressante e comum, e apesar dos grandes sentimentos de Nora por ele, ela apresenta tantas relações intrincadas durante a trama, que a história dele - apesar de nos entristecer - não cativa. Adriane, Max e Eli são igualmente extraordinárias e multifacetados - como nossa protagonista, não posso revelar muito sobre eles, só comentar que Robin ganhou minha admiração por formação de personagens intrincados (não tão profundos), mas muito interessantes.


Capa, Diagramação e Escrita: Amo os elementos steampunks da capa, o uso das cores faz uma alusão perfeita ao moderno, fantasioso e ao histórico - e os respingos de sangue completam a graciosidade nas contra-capas do livro. A diagramação é comum, com detalhes delicados - algumas folhas estampadas com manuscritos antigos e a paginação marcada por pequenos símbolos hipnóticos. A escrita de Robin é deliciosa, firme como seus personagens, ela te conduz á sua plena vontade, mas de uma forma fluida e dinâmica.

Concluindo: Foi uma surpresa deliciosa, superou minhas expectativas apesar de não explodi-lás. A trama é bem criativa e distribuída, reunindo elementos históricos reais, romance, ação, suspense e drama de forma congruente e interessante. A comparação com Dan Brown faz sentido, mas apesar de se tratar de gêneros relativamente parecidos, os objetivos e relações da trama são diferentes e isso muda totalmente o livro. Para os leitores, a apreciação depende muito do seu próprio objetivo ao ler o livro e é muito provável que O Livro de Sangue e Sombra gere opiniões extremas (o velho 8 ou 80). Na minha opinião, como leitora ávida de Dan Brown, o livro é ótimo mas com ressalvas - por ex, a finalização, não o final da trama em si - ela foi concluída, mas a sensação geral (nossa e da protagonista) é de uma leveza incomoda, liberdade forçada...?? Não sei, estou divagando, alguém que já leu sentiu o mesmo que eu?Que a história não terminou de fato, mas que deixamos de participar dela e que a situação geral dos personagens a partir dalí era um mistério? De qualquer forma a autora têm minha atenção! Me diverti, senti e vivi o sonho dela nesse livro, e isso é tudo o que importa.

Quotes:
" - Acreditava em 'Felizes Para Sempre' quanto qualquer um, porque Jane Austen, o Príncipe Encantado e Hugh Grant haviam me prometido que aquilo poderia acontecer."

"- Era isso que a morte fazia: transformava lixo em Talismãs."

" - Porque se você realmente acredita em relâmpagos, por que não fazer tudo o que estivesse em seu poder para pegá-los sozinho?"

"Enterrar. Em algum lugar escondido, algum lugar profundo: profundo o suficiente para sufocar o grito (...) A única maneira de suportar. De continuar."