
Título Original: Fahrenheit 451
Livro Único.
Autor: Ray BradburyEditora: Biblioteca Azul
Páginas: 216
Ano: 2012 (Original: 1953)
Saiba Mais: Skoob
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Sinopse: Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais. Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.
Um clássico de Ray Bradbury, "Fahrenheit 451" é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.
A Trama: Em um futuro distópico, todo e qualquer tipo de livro foi proibido, já que livros podem trazer ideais e sentimento controversos, e os cidadãos da sociedade representada aqui foram quem escolheu abolir os livros, para se livrarem do sofrimento, melancolia e revoltas que eles podem causar. A função dos bombeiros já não é mais apagar incêndios, ainda mais quando todas as casas são à prova de fogo. Agora eles são chamados para incendiarem bibliotecas clandestinas. Tudo o que as pessoas leem são as cartilhas com informações do programa de tv do dia, sem contar que elas conseguem interagir ao vivo com o que está acontecendo, porque tudo é configurado para que elas sintam como se aqueles atores fossem sua "família". É nesse universo que somos inseridos ao iniciar a leitura de Fahrenheit 451, e foi doloroso ler sobre uma realidade onde as pessoas preferiram trocar o senso crítico, a opinião própria e o direito de revolta por uma alienação cega, onde elas não se importam com o podre do mundo, contanto que esteja tudo bem dentro de suas bolhas. Um exemplo perfeito disso, é que durante toda a história, tem uma guerra acontecendo no mundo, mas pouco se é falado, já que eles preferiram deixar tudo o que trouxesse o mínimo de sofrimento e preocupação de lado.
Os Personagens: Montag, o nosso protagonista, começa sendo um dos bombeiros mais fieis, que acredita piamente no seu trabalho, sem questionar nada do porquê eles terem que queimar livros, o porquê daqueles amontoados de papel serem tão perigosos. Mas essa é só a primeira impressão que temos dele. Na verdade, Guy Montag trás muita incerteza dentro de si, e tudo é desencadeado quando ele conhece Clarisse, sua nova vizinha e primeira pessoa em muito tempo que parece se importar realmente com o que ele tem a dizer. Tudo muda dentro de si quando ela faz uma pergunta a ele, que Montag percebe que não é tão fácil de responder: "Você é feliz?". Também temos aqui o personagem com o melhor monólogo da história, Beatty, que também serve como um tipo de antagonista, e é bem importante pro desenvolvimento da história. Mildred, esposa de Montag, é uma personagem difícil de engolir. Ela é um exemplo perfeito da alienação criada por essa sociedade, passando o dia inteiro na sala assistindo à sua "família" pelos telões, sem contar em suas ações completamente robóticas e a falta de interesse pela vida do marido - afinal de contas, as pessoas aqui não conversam, não aquele tipo de conversa de você sentar numa varanda e simplesmente falar sobre a vida.
Capa, Diagramação e Escrita: Eu adoro a capa dessa edição, as cores combinam muito bem entre si e o uniforme de bombeiro representa bem o descrito no livro. A diagramação é simples e confortável para leitura. A escrita é fluida e dinâmica, mas não deixando de trazer reflexões e pensamentos bem pertinentes sobre a sociedade até nos dias de hoje, ainda mais se compararmos à situação atual do nosso país, onde vários livros, antes comuns, estão sendo banidos e/ou demonizados. Será que vamos viver em uma sociedade onde livros serão (mais ainda) proibidos por serem reversos aos ideais de alguns?

Concluindo: Fahrenheit 451 é uma leitura recomendadíssima e extremamente importante para quem se importa com a sobrevivência da cultura literária e do próprio poder de escolha sobre o que vai ler e o que vai acreditar. É um livro que nos faz pensar muito no momento em que vivemos, e também nos faz torcer para não chegarmos ao extremo a que a sociedade do livro chegou.
Quotes:

Concluindo: Fahrenheit 451 é uma leitura recomendadíssima e extremamente importante para quem se importa com a sobrevivência da cultura literária e do próprio poder de escolha sobre o que vai ler e o que vai acreditar. É um livro que nos faz pensar muito no momento em que vivemos, e também nos faz torcer para não chegarmos ao extremo a que a sociedade do livro chegou.
Quotes:
(...) - Deve haver alguma coisa nos livros, coisas que não podemos imaginar, para levar uma mulher a ficar numa casa em chamas; tem de haver alguma coisa. Ninguém se mata assim a troco de nada.
- Mas o assunto favorito de Clarisse não era ela mesma. Eram todos os demais, e eu. Ela foi a primeira pessoa, em muitos e muitos anos, de quem realmente gostei. Foi a primeira pessoa que vi olhar diretamente para mim como se eu fosse importante. (...)
Existe mais de uma maneira de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas carregando fósforos acesos.